terça-feira, 21 de março de 2017

O PT em Monteiro



De A Postagem, jornal colaborativo: 

Desejando ver de mais perto o fenômeno histórico da transposição do Rio São Francisco, viajamos no último domingo para o evento que marcaria a inauguração popular da obra. Várias caravanas saíram e, durante toda viagem de Recife rumo a Monteiro, encontramos, ainda dentro do estado pernambucano, áreas de seca, paisagens desoladas, animais emaciados com as costelas à mostra, arbustos e açudes poluídos, onde o castigo da falta de chuva prolongada era perceptível. Cenário interrompido exclusivamente pela imagem de casas populares e coloridas, construídas pelos programas do PT. 
Açudes quase secos, com muito lixo acumulado de garrafas pet e sacolas de plástico nos arbustos secos. Essa situação distópica ficaria ainda mais clara para mim ao ouvir a fala de Lula, referente à urgência da entrega do eixo norte que, desde a retirada da presidenta Dilma do poder e o desmantelamento - sem cerimônias -, de todas as empresas envolvidas na obra, como a Mendes Junior, está parada. 
À medida que nos aproximávamos da parte entregue da transposição, a paisagem mudava dramaticamente. Animais com peso passeavam pela área viçosa e molhada... mesmo no caso da chuva não ter agraciado o suficiente para encher os dutos que levam a água do rio. 
Ao chegar, tomei conhecimento de que cidade estava tomada pelo vermelho à espera de Lula, na ovação ímpar. A espera do ex-presidente não, a espera de "O Presidente", que é como os moradores se referem a ele. 
A obra em si foi, para mim, menina da cidade, como disse certa vez Manuel Bandeira, um alumbramento: região que eu ja havia visto há muitos anos de forma maltrapilha e árida, mas que, hoje, se mostrava fértil, moderna, arejada, digna e muito consciente. Como uma familia recebia seu filho querido, conversei com moradores e fiquei impressionada. Depois foi só festa e delírio das águas. Muito cansaço e alegria em um momento sem igual que coloca o sertão, em especial a região do Cariri, no mapa do desenvolvimento da vida. O nordestino é, antes de tudo, consciente de quem são seus amigos, e de quem está lutando por ele.